Robô também é gente !

No futuro, trataremos máquinas inteligentes como pessoas. Eles vão evoluir a tal ponto que não saberemos diferenciá-los de humanos. Isso vai mudar para sempre nossa sociedade.

Responda rápido: o que é uma pessoa? A filosofia passou milênios tentando responder a essa pergunta aparentemente simples. Nesse tempo, não avançamos muito além da eliminação. Sabemos que uma cadeira não é uma pessoa, nem um automóvel. Mas, se tentarmos definir uma pessoa como um ser vivo com inteligência, sentimentos e noção de ética e moral, sabemos hoje que teríamos que incluir na lista animais como cachorros e pensadores de peso como o australiano Peter Singer advogam há anos que várias espécies de mamíferos precisam ter seus direitos respeitados tanto quanto os humanos. Ou seja, além de não avançarmos muito na definição, as descobertas recentes da biologia complicaram as coisas, a ponto de o Parlamento da Espanha ter aprovado, há dois anos, uma lei concedendo direitos civis aos grandes símios. Em poucos anos, essa situação vai ficar ainda mais nebulosa. Os seres humanos clonados serão considerados pessoas como nós? Desde 2002, a American Civil Liberties Union, uma importante organização americana de direitos humanos, está preparada para defender que SIM, ainda que a luta contra o preconceito prometa ser dura. O que dizer, então, dos robôs de inteligência artificial? Não se assuste, mas seremos obrigados a considerá-los tão pessoas quanto nós. Teremos as pessoas humanas (clonadas ou não), as pessoas animais... e as pessoas robóticas!

Logo vamos nos deparar com esse problema. Na falta de uma resposta clara, seremos obrigados a tratar a vida artificial em situação de igualdade. Hoje ainda os robôs não se parecem conosco, e por mais o que chamamos de inteligência, não são capazes de sentir alegria ou tristeza, prazer ou dor (como nós e muitos animais temos). Tampouco têm condições de diferenciar o certo e o errado, e por isso não podem responder pelos seus atos, mais ou menos como pensamos das crianças. Isso vai mudar. Existem, espalhados por laboratórios de ponta de todo o mundo, de Estados Unidos a Coreia do Sul, robôs capazes de reconhecer objetos, tomar decisões com base em critérios pré-estabelecidos e transmitir conhecimentos.

A robótica já se inspira na organização biológica e social das pessoas. Para que eles transformem o aprendizado de informações em reproduções de sentimentos é um passo grande, mas factível E a neurocomputação já trabalha exatamente nisso, em máquinas com sistemas nervosos com um conjunto de chips que imita neurônios. Em dez anos, vamos conviver com pessoas de metal, capazes de discordar de nós, perder a paciência e mesmo cometer erros. Não vamos experimentar um mundo totalmente dominados por máquinas, no estilo da série de filmes Exterminador do Fututro, mas ainda vamos precisar de tribunais para julgar crimes cometidos por ciborgues, afinal, quem tem direitos também tem deveres. Se quiser dar conta destes dilemas, a filosofia vai ter que avançar muito além da metafísica. Talvez os primeiros robôs filósofos nos ajudem nesta tarefa...

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